Era uma coisa assustadora, essa sensação de que um buraco havia
sido construído no meu peito, fazendo meus órgãos vitais pararem de
funcionar e deixando- os em trapos, com cortes não curados nas
beiradas que continuavam doendo e sangrando mesmo com a
passagem do tempo. Racionalmente, eu sabia que meus pulmões
deviam estar intactos, mas mesmo assim eu lutava por ar e minha
cabeça rodava como se os meus esforços não me levassem a nada.

Meu coração devia estar batendo também, mas eu não conseguia
ouvir o barulho da pulsação nos meus ouvidos; minhas mão
pareciam azuis de frio. Eu me curvei, abraçando minhas costelas pra me manter junta.
Eu procurei pela minha torpência, minha negação,
mas elas tinham me abandonado.
E mesmo assim, eu achava que podia sobreviver. Eu estava alerta,
eu sentia a dor - a dor da perda que irradiava do meu peito,
mandando ondas de dor pelos meus órgãos e minha cabeça - mas
era suportável.
Eu podia sobreviver. Eu não senti que a dor tinha diminuído com o
tempo, mas eu tinha ficado forte o suficiente pra suportá-la.
O que quer que tenha acontecido essa noite - fossem os zumbis, a
adrenalina, ou as alucinações os responsáveis - isso me acordou.
Pela primeira vez em muito tempo, eu não sabia o que esperar pela
manhã.

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